há umas semanas atrás cruzei-me na porta do trabalho com um “miúdo” que deve ter uns 18 ou 19 anos, notei que me olhou de cima a baixo como se fosse um scanner, até me olhei para ver o que se passava comigo mas estava tudo normal. acontece que desde então que tenho “esbarrado” com ele quase diariamente, o “puto” persegue-me e sempre com aquele olhar de quem me “despe toda com os olhos” (no mínimo). mas há mais e pior, percebi após alguns dias que o “puto” afinal é filho da minha patroa e que agora “finge” que se passou a dar bem com ela para justificar estar sempre por lá no emprego.
ando louca, sempre a olhar em volta a ver se o encontro nas minhas redondezas, sinto-me observada onde quer que esteja, estou mesmo a “passar-me dos carretos”. no outro dia até achei estranho não o ver por lá, pensei, finalmente ganhou juízo e foi passear, qual quê mais uns segundos e voltou aquela sensação de estar a ser observada, olhei e lá estava ele, desta vez meio incógnito, dentro do carro estacionado a tirar-me as medidas ao rabo pelo espelho.
sei que nunca fui preconceituosa mas esta situação está a enervar-me, é que o “miúdo” para além da idade que tem, age como se tivesse ainda menos, pelo menos é assim que eu penso. começo a pensar que até seria bom (vejam só) se todos os homens que são assim fossem como os “das obras” que gritam de cima do andaime uma mão-cheia de piropos quando passamos e nós viramo-nos mandamo-los “apanhar naquele sítio” e pronto, está resolvido o assunto.
sinto que qualquer dia destes dou um “aperto” daqueles ao “pirralho” que ele se fica a lembrar bem de mim de outra forma, mas confesso que tenho um certo receio dos “efeitos secundários” desse “aperto”. por enquanto cá vou levando a minha vidinha tentando não pensar a toda a hora no “caso” e esperar que ele não abuse muito das fotos e dos vídeos que já o vi fazer com o telemóvel, é que realmente nunca pensei que algo assim me deixasse perturbada a este ponto, alguns, com toda a certeza, dirão que é a “divina factura” de tantas que já fiz ;)
eu sou uma acérrima defensora das mulheres e da feminilidade, sou pouco apologista das plásticas e artifícios mas acho que uma mulher que o é assume ou deve assumir a sua feminilidade e não escondê-la. não me choca um decote mais “arrojado”, uma saia mais curta e até mesmo um certo apelo à “sensualidade/sexualidade” no uso de roupa sem soutien por dentro ou mesmo sem cuequinhas como acontece nalguns vestidos de “gala”. nada disso me choca, muito pelo contrário, ainda no outro dia via uma reportagem com criadores de moda onde se falava precisamente disso, dos vestidos de “gala” abertos dos lados ou com transparências cujo uso da vulgar cuequinha por dentro iria retirar todo o glamour à peça. inclusivamente havia já quem estivesse a fabricar cuequinhas com laterais em silicone (estilo alça de soutien do mesmo género para minimizar a coisa).
acontece que na conversa estavam diversas pessoas e de diversas idades e “credos” e nitidamente havia quem achasse uma “pouca-vergonha” (para não dizer pior) o uso de uma simples tanga fio-dental quanto mais esse tipo de coisas.
mas, o que surpreendeu verdadeiramente foi uma rapariga (da minha idade) que tinha essas mesmas opiniões, usava sempre roupa larga por achar que tinha o peito um pouco grande e que isso era “vergonhoso” e nem pensar vestir lycras, spandexs ou algo do género, estava totalmente fora de questão.
eu sou totalmente fã dos spandexs e das lycras modernas (não aquelas à “fame”) quem me tira as minhas calças justas, t-shirts e ténis ao fim-de-semana, em passeio ou em tudo que não seja trabalho ou em horário de trabalho, tira-me tudo. mas, pelos vistos, naquela “mesa redonda” o uso desses materiais sem a devida cobertura para não se verem “as vergonhas” era quase considerado crime de atentado ao pudor.
será que realmente em pleno século xxi ainda existe tanta gente assim?
em conversa posterior com a “su” a este respeito ela apresentou-me a outra moda (ela anda sempre em cima dos acontecimentos). a moda um pouco por todo o mundo mas principalmente no continente americano chama-se “camel toe” que significa “dedo de camelo” ao princípio faz-me confusão o nome mas uma rápida busca no google (que nestas coisas não há como errar) apresentou-me o porquê. trata-se apenas do realce das formas femininas (que todas nós temos), claro que esse realce é maior consoante cada uma de nós e contando claro com o que nos tocou nos genes ou na “generosidade divina”.
percebi até que há pessoas que foram rotuladas com esse “apelido” como uma “célebre” miss canadiana.
uma pergunta deixo no ar, será que as formas femininas são assim tão chocantes? ou por serem bonitas são por isso mesmo atractivas?
eu por mim confesso que pensava que as mentalidades já haviam mudado um pouco e que portugal, nalguns aspectos, já tinha saído da medievalidade, afinal, parece que nem tanto...