lá tentei explicar à senhora que eu também não sou grande estudiosa daquelas matérias, mas ela não desistiu – ah mas não se preocupe que eu pago-lhe – dizia ela – não tenho muito para dar mas também não quero que trabalhe de borla.
depois pensei – eh pá, isto agora está mau de dinheiro para todos e mais uns euros dão sempre um certo jeito – e lá procurei saber realmente o que é que ela realmente queria de mim. não achei que fosse algo muito complicado e aceitei, o que ela estava disposta a pagar até nem era assim tão pouco e lembrei-me que noutros tempos ela também me fez alguns favores.
o problema desta questão está em que me esqueci que tinha combinado isso com ela e estava eu já pronta para me estender no sofá quando me tocam à campainha – estranho – pensei, a uma hora destas, quem será? – do outro lado uma voz dizia quem era e que vinha por causa da explicação – explicação? – perguntei eu – sim, a minha mãe falou consigo no outro dia – e só ai me lembrei do filho da ex-vizinha.
mandei-o subir enquanto me ajeitava e pensava onde iria dar a explicação, não tinha pensado em nada previamente mas agora não havia nada a fazer. ao abrir a porta dei com um miúdo já bem crescido, se não soubesse quem era nem o reconheceria.
instalamo-nos no sofá e começamos a conversar sobre que problemas tinha ele e como eu o poderia ajudar . ele respondeu-me logo que não tinha grandes problemas com os estudos mas que a mãe é que insistia para que ele tivesse explicações para melhorar as notas e preparar para os exames.
dei uma olhada nas coisas que trazia e não achei realmente nada de muito complicado, na minha altura de estudante a matéria era bem mais complicada que agora mas ainda bem, assim não correria o risco de passar vergonhas como “explicadora de improviso”. reparei que enquanto via as matérias e os livros que trouxe que ele não tirou os olhos de mim e isso estava de certa forma a incomodar-me e a pôr-me nervosa. olhava-me de cima a baixo como se me tivesse a tirar medidas para um fato e nem quero pensar no que iria naquela cabecinha de teenager mas o que é certo é que fiquei algo desconfortável com a situação.
pus mãos ao trabalho e comecei a “explicação” propriamente dita pois aquela situação estava a tirar-me do sério, coisa que eu detesto. durante a explicação notei que por várias vezes me olhou e me mirou de forma mais ou menos discreta e chegando mesmo numa das ocasiões e encostar-se a mim. levantei-me e fui buscar um copo de água, perguntei-lhe se queria algo e ele sorriu com um ar “malandreco” e disse que não, ao voltar a sentar-me foi notória a tentativa dele de me espreitar para dentro da saia, os olhos dele viajaram rapidamente na minha direcção como setas. cheguei a pensar em confrontá-lo com aquela situação desagradável mas após pensar 1 minuto decidi não o fazer.
finalmente chegou a hora de terminar, estava a ver que o tempo não passava e os minutos pareciam-me intermináveis. na hora da despedida disse-lhe – vê lá melhor com a tua mãe, se achas que não precisas da explicação é melhor dizeres-lhe isso para ela não gastar dinheiro e tu tempo à toa – ao que ele me respondeu com o mesmo sorriso malandro dizendo – não, ela é capaz de ter razão, a explicação é capaz de ser boa ideia e com uma explicadora tão boa aprende-se logo mais.
engoli em seco mas não quis dar “parte fraca”, fingi que não percebi a ênfase que deu ao “boa”. sorriu novamente e disse – txau, até para a semana.
fechei a porta e fiquei a pensar - estes miúdos de hoje em dia acham que uma mulher feito eu também é “peixe para o gato” deles. mas temos que lhes dar um “desconto”, coitados, ainda não sabem o que fazem.
há umas semanas atrás cruzei-me na porta do trabalho com um “miúdo” que deve ter uns 18 ou 19 anos, notei que me olhou de cima a baixo como se fosse um scanner, até me olhei para ver o que se passava comigo mas estava tudo normal. acontece que desde então que tenho “esbarrado” com ele quase diariamente, o “puto” persegue-me e sempre com aquele olhar de quem me “despe toda com os olhos” (no mínimo). mas há mais e pior, percebi após alguns dias que o “puto” afinal é filho da minha patroa e que agora “finge” que se passou a dar bem com ela para justificar estar sempre por lá no emprego.
ando louca, sempre a olhar em volta a ver se o encontro nas minhas redondezas, sinto-me observada onde quer que esteja, estou mesmo a “passar-me dos carretos”. no outro dia até achei estranho não o ver por lá, pensei, finalmente ganhou juízo e foi passear, qual quê mais uns segundos e voltou aquela sensação de estar a ser observada, olhei e lá estava ele, desta vez meio incógnito, dentro do carro estacionado a tirar-me as medidas ao rabo pelo espelho.
sei que nunca fui preconceituosa mas esta situação está a enervar-me, é que o “miúdo” para além da idade que tem, age como se tivesse ainda menos, pelo menos é assim que eu penso. começo a pensar que até seria bom (vejam só) se todos os homens que são assim fossem como os “das obras” que gritam de cima do andaime uma mão-cheia de piropos quando passamos e nós viramo-nos mandamo-los “apanhar naquele sítio” e pronto, está resolvido o assunto.
sinto que qualquer dia destes dou um “aperto” daqueles ao “pirralho” que ele se fica a lembrar bem de mim de outra forma, mas confesso que tenho um certo receio dos “efeitos secundários” desse “aperto”. por enquanto cá vou levando a minha vidinha tentando não pensar a toda a hora no “caso” e esperar que ele não abuse muito das fotos e dos vídeos que já o vi fazer com o telemóvel, é que realmente nunca pensei que algo assim me deixasse perturbada a este ponto, alguns, com toda a certeza, dirão que é a “divina factura” de tantas que já fiz ;)