toco-me, logo existo.
é, por isso, que, quando
a solidão lavra
a acta da desistência,
ainda aperto com força
inusitada
as minhas próprias mãos,
e lanço, em redor
dos dedos um olhar
seco e surpreso.
mas, ao desapertar, depois,
as mãos, dentro
de cada cova arroxeada,
em rigor não há nada,
salvo uma voz cósmica,
elegíaca e fria,
ecoando
nas veias do poema.
violeta teixeira, in falo-vos do silêncio, magno edições, leiria 1999