há uns tempos atrás, fui, como é habito, com a “su” matar o vicio. os leitores ainda não sabem mas “matar o vicio” significa comprar roupa e, no meu caso, mais propriamente lingerie. sim, admito, sou uma viciada em lingerie, há muito que perdi a conta das cuequinhas, soutiens e similares que tenho, muitos deles que nem sequer usei ou usei apenas uma ou duas vezes, mas sou assim, há quem seja viciada em sapatos (não é “su”) e há quem seja viciada em lingerie.
mas como ia contando fui com a “su” matar esse meu vicio. entramos numa loja que costumamos frequentar e lá fomos vendo, revendo e remexendo em tudo. passados alguns minutos há um homem na casa dos trinta e muitos que se dirige a nós, mais propriamente à “su” e lhe pede ajuda. ela fica meio aparvalhada e responde com alguma rudeza – por acaso o senhor acha que eu trabalho aqui? o homem pediu delicadamente desculpas dizendo que não era sua intenção melindra-la, ele não a havia confundido com uma das funcionarias da loja que estavam, como sempre, bem identificadas, o que ele queria era ajuda dela para escolher um conjunto de lingerie para oferecer, pois, segundo ele, queria comprar para uma “amiga” e não sabia escolher nem os tamanhos e a “amiga” era em tudo semelhante à “su”.
a “su” lá moderou o feitiozinho difícil dela e soltou uma das “bocas” dela retorquido – já percebi que já me tirou as medidas todas. o homem sorriu e disse que sim, mas com boas intenções. claramente este homem não conhecia a “su” e não sabia que não pode provocar este instinto de provocação linguistica com ela porque ela responde sempre à letra. remate da “su”- ah é, com boas intenções, isso é que é uma pena ;)
despertada pela troca de “provocações” com o dito homem (que não era nada de deitar fora) lá foi com ele em busca da lingerie. perguntou que tipo de conjunto queria e essas coisas. ele apenas disse, gostaria que escolhesse como se fosse para si. e ela não se fez rogada, escolheu logo do mais sensual e provocante que havia na loja, vermelho e mini, como ela gosta. o homem agradeceu e dirigiu-se à caixa para pagar enquanto nós voltamos à nossa azafama. quando finalmente nos dirigimos à caixa para pagar as nossas compras tivemos a surpresa das surpresas, uma das funcionarias entrou à “su” um embrulho dizendo que era para ela. percebemos de imediato que só podia ser do homem e era mesmo, dentro tinha um cartão de visita dele com uma pequena mensagem nas costas dizendo: obrigado pela ajuda, espero que fique tão bem em si como imaginei que ficaria. a “su” quase caiu de costas e foi a primeira vez que a vi realmente envergonhada.
saímos da loja e fomos almoçar, ao almoço conversamos sobre o sucedido e perguntei-lhe – então, vais ligar? vou, claro que sim, para agradecer! só? riu-se e disse: quem sabe?
a verdade é conheço bem a “su” e sei que adora surpresas e ser surpreendida e aquele gesto caiu-lhe em muito boas graças.
sei que lhe ligou mais tarde e que se encontraram, mas o diário é meu e não estou aqui para contar a aventuras da “su” que não me dizem respeito ;) mas sei que a lingerie ficou bem e que o homem deu por bem empregue o seu gesto.
inclui esta historia no meu diário porque apesar de não ter ocorrido directamente comigo, estava presente e me fez pensar, realmente há gente que ainda sabe “galantear” uma mulher com algo mais do que um “posso conhecer-te?” da moda.